Por causa disso, concentrando todos os seus esforços, acrescentem à fé que vocês têm a virtude; à virtude, o conhecimento; ao conhecimento, o domínio próprio; ao domínio próprio, a perseverança; à perseverança, a piedade; à piedade, a fraternidade.
2Pedro 1:5-7 NAA
Pedro é admirável em sua visão das coisas. Todas às vezes que leio algo que o apóstolo tenha escrito fico que indagando como pode ser tão simples, mas tão sábio e certeiro em suas ponderações. Tudo o que viemos abordando até aqui parece ser um tanto fácil de assimilar, uma vez que parecem todos eles ser aspectos individuais da vida cristã.
Nossa cultura ocidental, diretamente influenciada pelo humanismo e com altas doses de individualidade não coaduna naturalmente com essas exortações. Contudo, essa não era a visão de Pedro, assim como ainda não é para boa parte do mundo oriental. A compreensão do compartilhamento da vida na totalidade é algo completamente natural.
Por isso, passa a ser muito singular o ponto que Pedro faz aqui: acrescente a fraternidade à sua fé. Essa fraternidade é palavra perdida no vocabulário de muita gente hoje, porém, seu significado, nem tanto. A palavra utilizada por ele, philadelphia, significa literalmente afeição aos irmãos/ãs. O foco está no amor entre os irmãos, na devoção familiar que deve caracterizar a comunidade cristã.
Amizades verdadeiras e duradouras tomam grande esforço.
A grande verdade é que qualquer amizade exige grande dose de esforço, mesmo que quando tudo vai bem. Como costumo dizer, essa é provavelmente uma das coisas mais custosas da vida. Custa dinheiro, paciência, e dentre outras coisas, tempo. E como esse último é valioso! É certamente ruim a sensação de tempo perdido quando uma amizade, por alguma razão, deixa de existir. Tenho certeza que todos pensam no tempo perdido mais do que qualquer outra coisa.
Amizades surgem quando há algo em comum e não existe amizade que fuja a essa regra.
Ela apenas surge quando duas pessoas se prostram a um elo afetivo comum (parafraseando C.S. Lewis). A nós, esse elo é o próprio Cristo Vivo. A vida em comunidade, em irmandade, não é algo apenas optativo, mas deve ser acrescentado à nossa fé com esforço!
Será que você já enxergou seus relacionamentos desse modo? Para o pescador, discípulo de Jesus, isso é algo próprio da fé cristã e uma clara exortação a todos nós, quando nos inclinamos a vivê-la isoladamente. É na caminhada de fé que somos edificados uns aos outros, e uns pelos outros. É simples: nossa fé é continuamente comunitária, descompartimentalizada e jamais dormente.
Isso me faz lembrar de uma das amizades mais interessantes que já vi no cinema. Deixo aqui as palavras de um amigo como poucos. Chego a pensar que a lição que o Senhor dos Anéis nos deixa, especialmente na amizade entre esses dois personagens seja inspiração para nós. Não para que sejamos Frodo para Sam, mas Sam para Frodo.