Fé e Virtude
Quando foi a última vez que você ouviu uma pessoa se referir à outra como virtuosa?
Aqui em casa, pelo menos, minha filhas cairiam na gargalhada ao ouvir eu me referir a um conhecido ou conhecida como virtuso ou virtuosa.
Essa palavra não faz parte do nosso vocabulário, mas ainda mais interessante é que muita gente também não se importa com o seu siginificado aplicado à vida.
Em 2 Pedro, capítulo 1, temos a menção dessa palavra por duas vezes, uma logo seguida da outra. A primeira delas é mencionada como um dos atributos de Deus, algo que acompanha sua glória, mas também nos aponta diretamente a uma relaidade à qual fomos chamados a viver.
Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.
2 Pedro 1:3
A palavra aretḗ (virtude) usada no texto pode ter as seguintes traduções: bondade proeminente; ato maravilhoso; boa conduta; excelência de caráter. Essa virtude é iniciada no Senhor, acompanha Sua glória e majestadade e fomos convidados a compartilhar dela em nossas vidas.
Isso é muito importante em notar porque a interpretação pode ter conotação equivocada. Essa vida virtuosa não é dissociada da fé, quando na verdade é acrescentada a ela. Tudo começa pela fé, e também conservado por meio dela.
Uma vida de virtude não deve jamais ser confundida com moralista, ou algo por mero esforço pessoal, mas sim de dependência de Deus. Em termos práticos, não é nossa bondade proeminente, mas do Senhor, e também Seus atos maravilhosos, boa conduta e excelência de caráter que nos conduzem e inspiram a viver assim.
Talvez, seja o mais certo dizer que nossa maior virtude e ter acesso à Sua.
Pedro exortou seus leitores a uma vida piedosa (vv. 5-7) porque Cristo lhes deu tudo o que precisam para uma vida piedosa, e eles possuem magníficas promessas de perfeição futura. Seria um grave erro, portanto, descartar o chamado à virtude como legalismo ou moralismo.
A exortação à santidade baseia-se na obra de salvação de Deus, como foi realizada em Jesus Cristo. Como é típico no Novo Testamento, a graça precede qualquer exigência.
A prioridade da graça, no entanto, não anula o esforço moral extenuante. Os crentes devem "fazer todo o esforço" ou aplicar "toda a diligência" na realização das orientações de Pedro.
Um caráter piedoso não surge da passividade ou fatiga. Como diz Lutero: “Eles devem provar sua fé pelas boas obras”. [1]
Amigos e amigas, lembrem-se: Ele nos deu tudo o que necessistamos.
[1] Schreiner, T. R. (2003). 1, 2 Peter, Jude (Vol. 37, p. 298). Nashville: Broadman & Holman Publishers.
*Texto originalmente escrito para a Revista Box 95