Tudo que necessitamos
2019 é um ano especial para mim. Nele, chego aos 20 anos de caminhada e fé cristã. Quanta coisa boa eu vivi até aqui e quanta graça e bondade de Deus pude experimentar durante os vários e diferentes momentos dessa jornada. Parece que de tempos em tempos, alguns temas que já me são familiares ganham mais peso e relevância.
Ao me debruçar sobre eles em reflexão tenho encontrado a voz do Pastor da minha alma, lembrando-me e ampliando-me com ternura os seus ensinamentos.
De uns anos pra cá, várias perguntas tem me feito refletir sobre a fé que tenho. Essa perguntas me levam a refletir sobre valores existenciais, e em vários desses momentos me vejo lutando para manter viva essa fé. Isso é bastante inédito para mim. Desde minha conversão em 1999, sempre mantive minha fé bastante convicta até então.
Confesso que foi assustador perceber em mim mesmo sentimentos e pensamentos que nunca fizeram parte do meu universo. Estou falando aqui de coisas como dúvida, incerteza, falta de confiança no Senhor, por exemplo. Passei por dias nublados, chuvosos, tempestuosos para, então, ver o alvorecer novamente. Sobrevivi.
Não estou me referindo aqui a uma série de pecados morais que tenha cometido, ou qualquer coisa desse tipo, mas a uma espécie de deserto bastante árido que nunca pensei que encontraria.
Nele, é vida ou morte. É nessa hora que muita gente sucumbe. Foi aí que fiquei mais próximo de uma pessoa simples, mas de muita sabedoria.
O pescador e Apóstolo Pedro. Suas cartas tem sido de enorme auxílio a mim e tem me ajuda a navegar por águas turvas. Parece que cada vez que leio trechos das cartas, encontro um brilho que ainda não vi, uma verdade ainda mais latente e profunda.
Foi no capítulo 1 da segunda carta que fui novamente esmiuçado em uma espécie de relembrança do que um cristão pode considerar até mesmo óbvio:
O Senhor, por seu divino poder, nos deu tudo o que necessitamos para a vida e nos fez participantes de sua natureza divina.
Me saltou os olhos de forma como se eu nunca tivera lido antes o que vem em seguida no verso 5: empenhem-se. Isso nada mais significa que ter um comprometimento e esforço em resposta ao que o Senhor fez, em outras palavras, a manifestação da responsabilidade humana perante a soberania de Deus.
Acontece que isso não é opcional, e o Apóstolo deixa isso claro pela forma como as palavras são dispostas no texto original.
Esse é o paradoxo do evangelho. É um presente, mas também um pacto com privilégios e responsabilidades. O verdadeiro evangelho afeta a mente, o coração e as mãos.
Em seguida, Pedro, de modo simples, direto e prático indica as qualidades que devemos nos empenhar em acrescentar à nossa fé. Foi então que entendi que a vida cristã deve ser sustentada pela memória constante acerca de Deus e seus atributos, esses aplicados, ou ainda melhor, “encarnados” em nosso dia-a-dia.
Se você praticar essas coisas, não cairá na armadilha que resulta em uma fé inoperante e infrutífera. Ou seja, morta. Sua fé, mesmo que vacilante em dados momentos, se recomporá.
Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor.
2 Pedro 1: 5-7
Explorarei cada uma dessa qualidades em posts futuros.
Grande abraço.
*Texto originalmente publicado pela Revista Box 95