Tenho lido vários aspectos biográficos de Hannah Arendt, judia-alemã, teórica política. Sua vida e obras são sensacionais. Ainda não vi o filme que relata sua história, mas está na minha lista de prioridades. Em seu livro, Eichmann em Jerusalém, um conceito é apresentado de maneira brilhante.
Ela aborda a questão do mal encarado de modo trivial, banal e, por consequência, não observado conforme sua própria realidade.
Isso me levou a refletir por algum tempo, nos últimos meses, sobre o modo como encaramos a vida hoje em seus muitos aspectos, desde as grande questões sociais, até as mais triviais, pessoais e até mesmo as espirituais. Partindo da reflexão sobre a banalidade do mal em si própria, tenho muito refletido bastante sobre a banalidade em si.
Lendo, aqui e ali, procurando alguns significados para esse termo, creio que o que mais nos ajuda a compreender, seja o termo insignificância.
Muita coisa começa a se tornar insignificante para nós ao longo da vida, desde a circunstâncias sociais externas, quanto outras de caráter mais íntimo. Posso citar aqui vários exemplos disso. Para muitos, o casamento é algo banal. Para outros, a própria vida. São vários os exemplos.
Algo que tenho observado na vida dos cristãos, inclusive em minha própria, é o fato de como algumas coisas se tornam banais, insignificantes ao longo da caminhada. Talvez, a mais grave delas, seja a banalização da piedade.
Como é comum nos tempos atuais não dar o devido valor à essa prática e disciplina cristã. Alguns até mesmo debocham dos que procuram viver uma vida piedosa; já outros, os chamam de ignorantes, pessoas de mente pequena.
Creio que isso tenha uma raiz profunda, que não é sentimento novo, mas bastante antigo. Diria que é um clássico, até. A vida piedosa tem a capacidade de nos ensinar algo único, que dificilmente se encontrá no agito, mas certamente será possível achar na calmaria e quietude.
Refiro-me à humildade de coração sincero. Creio ser essa a mais rara virtude a se encontrar atualmente. Se essa é faltosa, o que podemos dizer sobre a sabedoria? Parecem não mais existir.
Tenho a convicção certa de que o orgulho é resultado de uma vida onde não se dá significado à piedade. Tem sido muito comum conversar com muita gente que, mesmo afirmando-se cristão, ou cristã, mostra em suas próprias palavras, atitudes e posturas, que a vida piedosa não tem sido observada.
Em mim, isso fica evidente, quando perco essa observância na vida, e logo corro para resgatá-la. Contudo, alguns são contumazes na afirmação de seu orgulho, manifestando as consequências claras dessa opção, conscientes, ou não desse fato.
Ao banalizarem a piedade, vivem sem humildade. Sem humildade, rechaçam qualquer um que os possa dar um conselho, e muito menos uma palavra de repreensão.
Por piedade, entenda ser isso um coração humilde, contrito, sincero, e absolutamente quebrantado pelo seu contato constate com o Criador, por meio de Jesus Cristo.
Desde sempre, isso tem sido presente. A peregrinação espiritual começa a se parecer mais com morte, do que com vida. A melhor definição para piedade é devoção e compaixão.
Devoção profunda a Deus, essa manifestada exteriormente com compaixão pelos outros.
Que isso não nos seja insignificante.