Por esses dias temos refletido sobre o Sermão do Monte. A primeira Bem-Aventurança é muito interessante e inaugura o discurso de Jesus na ocasião de Mateus capítulo 5. Parece até mesmo que não é possível viver as demais, caso não se viva essa primeira.
Ela fala da humildade de espírito. Para tudo nessa vida é preciso ter humildade, inclusive para se ter amigos. É preciso reconhecer que você não se basta; é preciso entender que essa pessoa não é perfeita e muito certamente jamais atenderá ao máximo o seu grau de exigências.
Esse ano li o livro 4 Amores de C.S. Lewis e algo que chamou a atenção em suas páginas. Ele afirma mais ou menos que “na primeira parte de sua vida, você é quem seus pais dizem que você é. Já no resto, você é o que o seus amigos fazem de você”. Você pode negar isso, mas é um fato concreto. Quem você ouve tem influência direta sobre sua maneira de viver. E isso não é em si algo ruim, dependendo de quem é que você ouve.
E não estamos falando de algo fácil. Fazer um bom amigo é uma das coisas mais difíceis dessa vida.Toma tempo, paciência, confiança, credibilidade, perseverança. E muitos se frustam, porque os desapontamentos fazem parte desse processo, seja porque a pessoa te magoou, ou ainda por um motivo à parte, como por exemplo uma mudança de cidade.
É realmente ruim quando coisas assim acontecem, e muitos acabam cedendo à mensagem de que a amizade é algo que não vale realmente a pena. Não estou dizendo que você acorda num certo dia determinado a não ter mais amigos. Isso tudo é muito sutil e, quando menos se percebe, a pessoa está convicta de que não precisa de amigos.
Ao decidir caminhar só, você pode se privar das falhas dos outros, mas também se priva de ter seus passos ajustados ou ainda preservados pelos bons amigos. Por isso é fundamental que você saiba a grande importância de escolher bem suas amizades. Achar que você não precisa de amigos, que você se basta é uma das maiores manifestações de orgulho possíveis e altamente perigoso.
O perigo maior está diretamente ligado ao fato de que você passa a ser muito mais intolerante, e ainda se sentir superior à grande maioria das pessoas, e isso está intimamente ligado à realidade de sua indisposição em ouvir, ou considerar as palavras dos outros.
E isso tem se mostrado constante na vida de muita gente. Muitas pessoas se frustraram com as diferentes experiências com igrejas locais, mas muitos tem utilizado isso como um “bastião do orgulho”, e declaram viver o Evangelho sozinho, da auto suficiência.
Qualquer palavra dita passa a ser ameaçadora, ou intransigência por parte de quem fala, pois não se consegue mais considerar as palavras de ninguém. Quão triste isso é.
Precisamos nos lembrar das palavras de Jesus porque elas se aplicam a todas as circunstâncias de nossa vida, tenhamos sido decepcionados, ou não, machucados, ou não. Precisamos ser humildes para reconhecer que ter amigos é algo essencial para a vida.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer. João 15:15